terça-feira, 24 de setembro de 2013

Racismo: Adolescência - Parte III

Na verdade, ficou subentendido na última postagem Racismo: Adolescência - Parte II que o assunto sobre essa fase tinha acabado, terminei de um jeito bem "e agora vamos para outra fase", só que não. Ainda tem um monte de merda sobre a adolescência negra - que ocorreu comigo - que eu gostaria de citar.


Com meu diagnóstico de borderline fica muito mais fácil compreender meu desespero com a rejeição do meu colega, que eu era afim, Eduardo e meus problemas, em contrapartida, com o time de handebol da escola que frequentava. Sim, agora posso falar, isso arruinou minha vida. E sim, tenho arrependimento de tudo o que aconteceu, pois foi culpa minha (grande parte da bosta fui eu quem cagou). E foi nessa fase da adolescência que eu descobri o que é sofrer. Sofri demais, e não digo externamente, foi internamente mesmo, na profundeza da ferida, é lá que doeu, é de lá que vem - ainda - a dor. Mas culpo as pessoas também, essa fase da vida já é tão complicada, podiam ter me polpado de tanta porrada, mas ninguém estava preparado, ninguém - nem eu - sabia o que era. Jeito mais agressivo, sei...


Minha adolescência foi muito boa, mas um tratamento adequado me faria aproveitá-la muito mais. Nunca me enxerguei, me gostei, me senti, sempre me achei inferior em demasia - era de fato - toda a vivência observada de cima demonstra isso. Eu era inferior ao grupo em que na época pertencia. Tinha meus valores, que serviam para entreter e divertir. Na verdade, me sentia uma espécie de bobo-da-corte, ou algo assim. Eu era a garota da palhaçada, da graça, do riso, da gargalhada engraçada, sem direito a sentimentos, até porque ninguém corresponderia (e ninguém correspondeu). Vivi com essa máscara do "humor" por muito tempo, hoje em dia nem sei mais aonde ela está, deve ter ficado para trás, numa dessas mudanças da vida.


Foi aí que resolvi colocar cabelão, malhar, e me "amar". Os dois primeiros, feitos com esmero, mas o amor próprio até hoje não veio. Minha insegurança de virar uma "Tia Anastácia", ou qualquer negra que só serve, serve, serve, e é só esse seu papel, sem sentimentos, ou aquela mesma garota que ninguém queria dançar nas festinhas americanas, enfim, minha insegurança é porque estou mais perto dessa realidade do que imaginava, sempre estive. Minha insegurança é um medo verdadeiro, forte e vivo, que ronda minha vida esperando me colocar "no meu lugar".


Minha solidão é causada por milhares de motivos óbvios e coesos. Quando criança, me isolava porque não me via na TV, nas propagandas, na escola particular que estudava, então, me isolava porque no meu mundo eu era quem eu quisesse. Mas quando você vai crescendo, ainda na adolescência, as pessoas vão tendo o poder de destruir seu mundo, e nem isso que era tão particular à você sobrevive a fúria do ser humano irracional. Ser adulto então, é uma merda. Seu mundo é podado, e foi lá que deixei meus sonhos, por isso tenho dificuldade em achá-los, às vezes.


A adolescência é uma fase complexa e para mim foi ainda pior, pois é a fase que a borderline começa com suas crises mais intensas, desenvolvendo o transtorno, então a confusão de personalidade que tenho chegou a níveis extremos e eu sem ter a quem pedir ajudar. Meu socorro ninguém nunca ouviu. Não vai ser hoje que vão escutar.



O ser humano é feito pra viver em sociedade, eu não. Então a morte seria, a primeira, segunda e terceira vista, a resposta mais coesa para minhas perguntas na infância, na adolescência (principalmente) e hoje, na vida adulta. Se eu pudesse voltar atrás, teria roubado o 38 do meu pai (policial) e me matado, porque sinceramente, não tem caminho, não tem escolha, não tem futuro.

Ps.: Desculpem o baixo-astral no final do post, mas a vida é assim, uma grande bosta.

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