terça-feira, 18 de março de 2014

Crítica: Django Unchained


Odiei o filme. O pior do Tarantino até hoje. “Bastardos Inglórios” foi ótimo, então pensei que “Django Unchained” seguisse a mesma premissa (pelo fator holocausto), mas não foi. Ele se perdeu.

São 2 horas e 45 minutos de filme, desnecessárias, apenas para contar a história do salvamento da mulher do Django, Broomhilda. E foi entediante de se ver. A história rasa demais, com a escravidão como pano de fundo para a "comédia" que não foi das melhores do diretor. E olha que Tarantino é bom nisso. Um dos melhores diretores de cinema, com uma visão ímpar da violência, vida, relações etc. Dessa vez ele foi muitíssimo infeliz (e lamento por isso, porque esperei muito por este filme, e esperei que fosse ótimo também, igual aos seus outros filmes, em especial, por ser tratar de holocausto, “Bastardos Inglórios”, como já havia mencionado acima).


Filmes sobre negros com white mansplaining é algo que já conheço - vide “Amistad”, “Histórias Cruzadas”, entre vários milhares de outros - e detesto. É algo que me incomoda por não se dar voz aos negros. É como servisse de babá às pessoas brancas, conduzindo-as pela trama, mas também serve de conforto para as suas culpas (escravidão, racismo, discriminação, preconceito, marginalização etc), que são muitas. Assim os brancos podem ver o filme na perspectiva de um outro branco que ali, na tela, o representa. 


Os negros escravizados do faroeste tarantinesco são tão embasbacados que dá vontade de entrar na tela e colocá-los no tronco, espancando-os até a morte. Mas, por que? Porque simplesmente eles são, escritos e descritos, como burros, ignorantes, retardados, sem noção, acomodados, sem voz, sem vontade, sem cérebro. É horrível e demonstra ignorância pensá-los dessa maneira. 


Sendo uma mulher negra digo, sinceramente, que o filme foi de mal gosto. Basta estudarmos para sabermos o quanto os negros lutaram contra a escravidão - aqui no Brasil, no Caribe ou lá nos EUA, whatever - para termos uma noção de que aquelas caras (de paisagem, confusas, esperando uma boa alma branca salvadora) que faziam de nada corresponde com a realidade vivida pelos meus antepassados.

Entretanto, o filme possui boa fotografia e figurino, trilha sonora competente e as atuações de Leonardo Di Caprio, Samuel L. Jackson e Christoph Waltz, especialmente desse último, são maravilhosas e bem expressivas, marcantes, fortes, vivaz. Já Jamie Foxx está inexpressivo e abaixo da média, se comparado ao resto do elenco principal. Não gosto do trabalho de atuação dele, para mim é superficial, frívolo.

A história, o enredo, fraquíssimos. Realmente parece que faltou corte no filme. Muito longo para nada. Poderia ter dito uma história mais enxuta, e não tão ampla. Ficou excessivamente desgastante, até mesmo para uma obra de Tarantino (coisa que para mim é anormal, adoro ele).  


Para mim, ou qualquer pessoa negra com um pouco de consciência e noção de tempo, espaço, situação, consegue entender o que o diretor Spike Lee quis dizer em sua crítica ao filme, abordando que a temática de faroeste nada tem haver com o holocausto sofrido pelos negros. Ele também comentou que não viria o filme. Bem, ele fez certo, o filme para os negros que buscam algo (seja vingança igual em "Bastardos", ou força, ou redenção, ou orgulho, ou whatever...) só encontra piadas sem graça, insultos (normais para a época do filme) e quase 3 horas de "o que estou fazendo aqui?". Porque sim, é complexo imaginar que, mesmo com muito estudo, algum branco sinta, entenda ou veja a nossa dor. A dos judeus é mais fácil, porque judeus são brancos. Mas negros são um outro povo. Ainda estamos distantes (economicamente, socialmente, ideologicamente, e por aí vai).

No próprio filme, Django parece meio lesado em "somente" procurar a amada, como se fossem viver felizes para sempre, mas peraí, eles são negros, no sul dos EUA, em plena escravidão, então, felicidade é que eles não irão encontrar tão cedo, tão fácil. O final do filme me remeteu aos negros em relação às favelas, pois ele fica livre, salva a mulher, mas e agora?! Vão pra onde, com que dinheiro, fazer o que? Fiquei com essa sensação de abandono, que fez parte da história. Aliás, Django não se importa com os outros, que na verdade, todos sabemos, é ele mesmo - o sofrimento de um negro remete ao sofrimento de todos, enquanto se têm negros escravizados, significa que nossa liberdade não foi realmente alcançada. Somos todos escravos. 


Senti vergonha vendo o filme, não de ser negra, não desse passado imposto e sofrido, não pela visão errada que os brancos sempre tiveram e reproduziram de nós, não, nunca. Mas pelo Tarantino. Foi uma grande bola fora.


Obrigada, "12 anos de escravidão". É isso aí!

sexta-feira, 7 de março de 2014

Não estou aqui

Não estou no ES;
Não estou no Brasil;
Tampouco estou em qualquer continente;
Ou quem sabe em um vulcão com lavas incandescentes.

Não estou na América;
Não estou na Terra;
Não estou respirando;
Não estou na minha casa, na minha rua, no meu lugar.

Não estou aqui;
Não estou ali;
Não estou lá;
Não estou em nenhum lugar.

Não estou viva;
Não estou morta;
Não estou feliz;
Não estou triste.

Não estou me importando;
Não estou nem aí;
Não estou aonde quer que seja...
Somente aonde minha cabeça possa querer estar, ou não.

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