segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Racismo: Adolescência - Parte II

A maior dificuldade dessa fase é a aceitação. E se aceitar num contexto de preconceito e violência é algo muito penoso, pois a aceitação não é só de nós mesmos, é inclusive do meio social em que estamos inseridos, e nesse meio social, o tipo físico do negro não é bem visto, não é considerado belo, não é exaltado, o que encheu de conflitos na minha mente conflitante de adolescente. Se aceitar enquanto o mundo inteiro tenta te provar o quanto você é inaceitável, errado, contrário, é mais que penoso, é praticamente impossível.

Por experiência digo que o mais doloroso é ver aquele preconceito de pessoas que estão do nosso lado ou - pelo menos - que acham estar. Amigos, familiares, conhecidos ofendem muito mais que estranhos que não convivem conosco. E muitas vezes esses seres tão próximos acabam por ser os grandes vilões, por reforçar preconceitos e, querendo ou não, acabam por menosprezar, ignorar e humilhar a raça alheia, com o discurso "é só uma piada", eles estão presentes e saem da boca de quem menos esperávamos, ou pelo menos, de quem menos deveríamos esperar. E na adolescência isso é mais constante, e o fato de querer ser aceito acaba por fazer você encarar como "piada" tudo aquilo que não é e não tem a menor graça.

Passei muita raiva, e sempre fui extremamente explosiva, apesar de já não ser como antigamente. Sempre verbalizei e deixei bem claro quando não gostava de algo, pela minha grandiosa sensibilidade, nunca consegui esconder muita coisa das pessoas. Odiei ter que ouvi muita coisa que ouvi, então sempre respondia. Sempre me defendi. Eu tinha vizinhos, conhecidos que pegavam no meu pé, e devido ao transtorno que possuo as pessoas sempre procuravam me provocar, então sempre me mantinha hostil, sempre na retaguarda, pronta para dar o bote, e nunca me arrependi disso. Esses vestígios perduram até os dias de hoje.

Adolescentes negras sofrem. Com o cabelo então, nem se fala. É um suplício. E não é sem motivo, como muitos falam. Esse complexo com o cabelo é algo muito delicado e sério. Eu já deixei de sair e me divertir por causa disso, e várias outras garotas negras também. É um padrão fortemente imposto o cabelo "bom", e é fortemente cruel cobrar algo que a pessoa não tem, principalmente, julgar como a pessoa é, se ela é digna de estar nas festinhas ou não, só por causa de como o cabelo dela se apresenta. 

Quando saí do Guimarães Rosa, minha cabeça mudou, me afastei de muita gente. Estudei em outras escolas, conheci gente legal, fiquei com caras legais, outros nem tanto. Mudei de cidade, morei em Marataízes, e aos 18 anos conheci Gabriel, com quem estou até hoje. E aí, já é outra fase. 

Eu e Gabriel, em Marataízes-ES

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