terça-feira, 30 de julho de 2013

Cabelo

Tenho lido tanto ultimamente sobre o cabelo crespo da mulher negra contra o alisamento, chapinha, secador, muitos relatos, muitas histórias, muitos comentários, e eu, sendo uma mulher negra de cabelo alisado (e com megahair) não tenho conseguido compreender uma questão importante: Porque, nessa reafirmação da mulher negra como 'negra', assumindo seu cabelo crespo, há o preconceito contra aquelas que decidiram, mantem, ou não querem deixar de alisar o seu cabelo?

Não é um processo fácil para muitas, pelo motivo de ser uma imposição social construída em nossas vidas desde quando éramos apenas meninas, meninas negras, ou seja, você se acostuma, muitas vezes, com a aparência, que já está familiarizada e aceita, por você, pelos outros. É interessante a mulher querer quebrar isso, mudar, elevar sua auto-estima black, mas há quem não queira. As coisas acontecem em tempos diferentes para todas as pessoas, a reafirmação é boa, mas você se sentir bem com o que você é, como você está, acredito eu, também é válido.

Nenhuma mulher negra deixa de ser mulher negra por alisar o cabelo. Sei do sofrimento de muitas de alisar, esticar, enfim, mas cada uma escolhe o que quer, e é bom ver essa onda crescente fazendo meninas gostarem de si do jeito que são, isso ajuda a vermos as possibilidades, além da auto-estima à nossas meninas, vejo que várias mulheres assumindo seus cabelos dá força para quem ainda está se sentindo meio "fraca", indecisa, ou para quem quer mudar e tinha vergonha/medo ou por querer mudar mesmo, para experimentar, sei lá, cada uma com seus motivos, cada uma com suas vontades.

Estamos acostumadas a não vermos cabelos crespos na mídia. Na TV nossa representação é uma total falta de respeito (é Adelaide, são as empregadas das novelas, é o Mussum chamado de macaco pelo Didi), na música idem (É nega do cabelo duro, nega maluca, nega doida, nega tarada, nega feia, nega fedida, nega, nega, nega, e a nega não é a mina seus cabelo é da hora, não é a garota nacional), e isso são só dois exemplos de locais/canais/meios que andam a nos representar, pois em qualquer lugar, em qualquer âmbito, somos diminuídas, e isso nos atinge fortemente, como uma bala no coração. Então, seja lá o que for, não podemos nos julgar, julgar nossas escolhas. Até porque esse é um problema de toda negra brasileira, e eu acredito, de qualquer negra em qualquer parte do mundo também.

Acho que se a pessoa está satisfeita, não precisa mudar, mas se algo incomoda, experimente, mude! Por opinião dos outros mudei muita coisa que não gostaria, não queria e até não entendia, agora só mudo algo quando me incomodar profundamente, e minha aparência não me incomoda. Espero que mulheres negras sejam solidárias com a vida, história, dificuldades de outras mulheres negras, para juntas nos entendermos, lutarmos, sonharmos. Por mais negras que somos, não somos iguais, vemos e vivemos coisas diferentes, por mais que se pareçam, cada uma de nós possui sua particularidade, e isso deve ser respeitado, principalmente por nós, porque isso não espero dos brancos e das brancas, mas sim de nós mesmas.

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