Esse começo de ano está bem complicado para quem é negro. Remoções em comunidades majoritariamente negras, assassinatos da comunidade negra em favelas, prisões de negros e mortes ao "confundi-los" com bandidos e traficantes, corpo de mulher negra arrastado por carro da PM... Enfim, estamos em abril e olha só quanta coisa a comunidade negra já passou somente nesse comecinho de 2014. É muito medo, tristeza e dor. A luta deve continuar. E sabemos que a violência e a hostilidade aos negros está cada vez pior devido a Copa do Mundo, que pretende "limpar" as cidades-sede para a elite branca e os turistas brancos - em sua maioria europeus - aproveitarem sua estada no Brasil.
Além de tudo isso que foi citado, o que me choca é o fato de muitas pessoas negras não entenderem que isso tudo se trata de racismo institucionalizado. E o que fazem para mudar a situação? Engolem uma banana, na frente dos racistas, e dizem que é assim que o assunto deve ser tratado porque, apesar da sagacidade que Daniel Alves pareceu ter, na minha opinião, desde o ocorrido com ele em campo, sua degustação da banana jogada por torcedor(es) racistas, me leva a crer numa possível armação para tudo o que veio a seguir. Acredito que ele comeu a banana propositalmente, dando o ponta pé inicial nessa campanha toda, encabeçada por Neymar, em prol da FIFA e do Brasil, como país-sede. Uma jogada que vai da intenção do governo em se falar que será a Copa contra o preconceito racial até a imagem de Neymar, como garoto-propaganda da campanha, alavancando sua pessoa como o grande trunfo brasileiro, o que me remete uma possível - como também acredito - vitória da seleção brasileira nessa Copa do Mundo, que está comprada para nós, sediadores.
Mas, como Daniel Alves saberia que uma banana seria jogada? Oras, ele está na Espanha. Isso acontece lá todo dia. O próprio jogador falou sobre o caso acontecer cotidianamente.
Enfim, pra mim usaram o sofrimento do negro, em especial, nós negros brasileiros, para fazer dinheiro, armar uma campanha hipócrita para a Copa do Mundo e, enquanto isso, negros e negras estão morrendo nas mãos da polícia, do Estado, da Copa do Mundo da FIFA. Enquanto isso, milhares de pessoas, brancos essencialmente, postam fotos comendo banana e dizendo #somostodosmacacos. Tudo isso somente pra inglês ver, e eles verão. Lamentavelmente!
A unica coisa que posso dizer para melhorar a situação: Negros, uni-vos!!!
quarta-feira, 30 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Crítica: Credores, do Boyásha Trupe
Dia 06/04 (domingo) tive o privilégio de rever a peça Credores, no espaço Casa Vermelha, na Cidade Alta em Vitória. Primeiramente gostaria de ressaltar a importância desses espaços artísticos na cidade de Vitória, ainda são poquíssimos, mas ao passar dos anos vem surgindo cada vez mais lugares e lugares para o artista capixaba explorar/trabalhar/apresentar sua arte, que ainda é - infelizmente - desvalorizada no nosso pequeno estado.
A Casa Vermelha, da simpaticíssima Edilamar, é um espaço que está surgindo aí, com mais possibilidades de trabalhos para admiradores e funcionários das artes. Só desejo sucesso. Espero que cresça, para termos mais um espaço de trabalho, estudo, ensaio... Enfim, parece que está havendo uma boa mobilização artística para que as coisas aconteçam de fato.
A Casa Vermelha, da simpaticíssima Edilamar, é um espaço que está surgindo aí, com mais possibilidades de trabalhos para admiradores e funcionários das artes. Só desejo sucesso. Espero que cresça, para termos mais um espaço de trabalho, estudo, ensaio... Enfim, parece que está havendo uma boa mobilização artística para que as coisas aconteçam de fato.
Bem, agora vamos ao espetáculo "Credores". Já havia assistido no Aldeia Sesc ano passado, e essa peça nunca saiu da minha cabeça devido a competência e proposta sólida do grupo, que está cada vez mais bem integrado, despojado, vivo, com uma relação forte e intensa com o público. Me surpreendi novamente, cada mudança nos remete a um novo estudo, possibilidades e descobertas, assistir uma peça mais de uma vez é também se descobrir e ir vê-lo longe de alguns pré-conceitos já criados com o que foi visto anteriormente. Pra que está ali, asssitindo, em especial pela segunda, terceira, quarta vez, o aprendizado e a mente trabalham de forma diferente, tirando o fato da já pré-disposição acomodada do "eu já vi, eu já sei". Aaaah... com peças de teatro a novidade é sempre enorme, pois tudo pode mudar, ou simplesmente algumas sutilezas, que mudam o meado da história.
A trilha, sem comentário, Murilo é demais, essa ligação dele com o público e o elenco, um "fio condutor", um poeta musical, dá um link perfeito com o espetáculo em si, e isso meche com nossa imaginação completamente. É excelente os sons e o clima que eles nos provocam. É excitante, tenso, forte, doloroso, é um jogo.
Do elenco, o que posso dizer, além da beleza e talento de todos? Bem, vamos começar: Lorena, linda, perfeita, sexy (sem ser vulgar rs), instigante, provocante, Teca que encanta, que apaixonada, e ela eleva a várias dimensões esse seu poder sobre todos (e todas). Trabalho competente, despojado, livre, uma entrega linda. Daniel, sempre maravilhoso, dá raiva e ódio, mas uma sensualidade total, naquele meio que paira entre o sexy, sensual, o tesão e a repulsa, o nojo, a prepotência. Demais, eu o amo e o odeio. E amor e ódio estão tão ligados. E João, que vi em "A Mais Forte", e agora me delicio com a evolução de seu trabalho, forte e competente, que está cada vez mais sólido e instigante. Só tenho que dar parabéns e desejar muita merda para essa trupe que vai longe.
E precisando de alguém, estamos aí!
Obrigada, Boyásha Trupe, por um espetáculo tão grandioso. Sucesso e merda sempre para - todos - nós. ;D
O cabelo alisado (um problema de desconstrução sócio-racial-cultural)
Venho até aqui falar de algo que me incomoda profundamente: Negros julgando e criminalizando negros que alisam o cabelo. Obviamente a conscientização da valorização de nós mesmos e nossas culturas é muitíssimo necessário para mudarmos nossa condição, mas desmerecer quem tem cabelos lisos ou alisados, não ajuda em nada.
Será possível que ninguém entende a dificuldade para se desconstruir toda essa cultura imposta, no meu caso, 15 anos de práticas assim, e que hoje, confesso sinceramente, me sinto bem assim, por mim, pq não ouço ngm enquanto aquilo que me faz feliz, completa, mas sinto uma criminalização como se quem alisasse o cabelo fosse menos negro, bonito, alienado (essa questão dá pano pra manga, discutirei mais sobre em posts futuros) etc.
Quando criança, as meninas brancas gostavam de ficar pegando no meu cabelo e rindo, nunca me senti confortável com isso. Tinha vergonha. Bairro classista, classe média cheio de brancos racista e opressores. E agora eu ser condenada por isso. Sim, ser negra é ser condenada, culpada, apedrejada por todos, uma esquizofrenia sem fim, um retardamento sem fim, uma ignorância sem fim.
Ah, vou contra - um pouco - ao politicamente correto agora e apoio crianças negras que revidam, pq guardar para si teria me feito muito pior. Bati, xinguei, gritei, exigi, cobrei. E isso para mim nunca vai mudar. Luta eterna. E bateu de frente comigo é só tiro, porrada e bomba. Nunca levei nem levarei desafora pra casa. Isso fortalece os racistas e não estou aí pra fortalecer ninguém que não seja EU mesma, meus ideias, sonhos e convicções.
Cada um com seu tempo, então respeitemos todos por favor. Já não basta o racismo da raça dominante e ignorante inocentemente e arrogantemente superior (branca), não preciso de "irmãos" meus me julgando. Amo meu cabelo como está, não tenho problemas, vou amá-lo quando estiver ao natural também e vou amar mais ainda quando negros e negras respeitarem o limite, os problemas, as condições, o sofrimento, a identidade e a vida dos outros.
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